

No dia 18 de Fevereiro, assistiu-se à segunda e última comunicação acerca do “Multiculturalismo, desafio ou problema?” pela Dra. Vera Arial, psicóloga do nosso agrupamento , e pela Dra. Andreia Teixeira, assistente social do agrupamento de Aver-o-Mar.
Abordaram-se as soft skills (ou competências interpessoais) entendidas como habilidades essenciais para que os docentes possam trabalhar de forma eficaz com alunos migrantes. Essas habilidades permitem que o professor possa interagir de forma positiva e construtiva com os alunos, colegas e famílias, a saber:
A abordagem mais empática e personalizada no processo de ensino-aprendizagem.
A comunicação clara, simples, sendo que a comunicação não-verbal (gestos, expressões faciais, postura) também desempenha um papel importante para garantir que a mensagem seja bem compreendida.
A flexibilidade, o ajuste da sua pedagogia, de modo a acomodar diferentes ritmos e formas de aprendizagem.
A paciência, pois os alunos podem necessitar de mais tempo para processar informações, expressar-se e adaptar-se ao novo ambiente de forma mais segura e menos stressante.
A resiliência ajuda o docente a manter uma atitude positiva, mesmo quando enfrenta barreiras culturais, linguísticas ou emocionais com os alunos.
A escuta ativa que envolve prestar atenção plena ao que os alunos dizem, considerando não apenas as palavras, mas também as emoções e contextos por trás dessas palavras.
A inteligência emocional que permite o reconhecer e controlar as próprias emoções, bem como perceber e compreender as emoções dos outros, é fundamental.
O trabalho em equipa com colegas, psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais da educação para apoiar os alunos migrantes é fundamental. O trabalho colaborativo e a troca de experiências e estratégias pedagógicas contribuem para a criação de um ambiente mais inclusivo e favorável ao sucesso dos alunos.
A tolerância e o respeito pela diversidade, devendo o docente demonstrar uma atitude aberta, respeitosa e não-julgadora em relação à diversidade cultural, religiosa, étnica e social dos alunos migrantes. A capacidade de acolher a diferença de forma positiva e inclusiva é essencial para criar um ambiente de aprendizagem onde todos os alunos se sintam valorizados.
A criatividade é importante para encontrar soluções inovadoras para os desafios que surgem no meio escolar.
A gestão do stress, pois trabalhar com alunos migrantes pode envolver situações emocionais e logísticas desafiadoras. A capacidade de gerir o stress e manter a calma em situações complicadas é essencial para garantir que o ambiente de aprendizagem seja estável e seguro para todos.
Habilidade de resolução de conflitos de forma pacífica, promovendo a compreensão mútua e o respeito.
A disposição para aprender com os alunos, colegas e a própria experiência profissional é essencial.
Ter consciência das próprias limitações, preconceitos ou possíveis estereótipos é uma soft skill importante, pois permite ao professor refletir sobre suas práticas e abordagens pedagógicas.
As hard skills (ou competências técnicas) estão mais diretamente relacionadas com o domínio de práticas pedagógicas, conhecimentos técnicos e ferramentas que facilitam o ensino e a integração dos alunos migrantes:
O professor deve possuir conhecimento profundo de metodologias de ensino da língua portuguesa para alunos que ainda não dominam a língua. Isso envolve técnicas específicas para ajudar os alunos migrantes a melhorar a compreensão oral, a expressão escrita e a leitura em português.
Adaptar a linguagem de modo a torná-la acessível para alunos com diferentes níveis de proficiência na língua portuguesa, utilizando estratégias como a simplificação do vocabulário e o uso de recursos visuais.
Conhecimento sobre direitos e legislação que lhe permitam estar familiarizado com as políticas educacionais em vigor, como as leis e diretrizes sobre a educação de alunos migrantes, refugiados e pertencentes a grupos vulneráveis.
O professor deve ser capaz de aplicar metodologias de ensino diferenciadas, que atendam às necessidades de alunos de origens culturais diversas. Isso inclui a capacidade de adaptar as atividades pedagógicas para que todos os alunos possam participar de maneira significativa no processo de aprendizagem.
O docente deve fazer uso de estratégias para lidar com uma sala de aula diversa em termos culturais, linguísticos e sociais, garantindo que todos os alunos, independentemente da sua origem, possam aprender de forma equitativa.
O docente precisa ser capaz de planear aulas e atividades de forma adaptada às necessidades de alunos migrantes, levando em consideração o nível de conhecimento prévio, a experiência escolar, o domínio da língua e as diferenças culturais.
As tecnologias podem ser ferramentas importantes para apoiar o processo de ensino-aprendizagem, especialmente com alunos migrantes que podem não ter acesso imediato a materiais didáticos em português. O professor deve estar familiarizado com plataformas de ensino online, aplicativos de tradução e outras ferramentas tecnológicas que ajudam na aprendizagem de idiomas.
O uso de tradutores automáticos, recursos audiovisuais e plataformas digitais de aprendizagem de línguas pode ser uma maneira eficaz de apoiar os alunos na aquisição do idioma e no seu processo de integração escolar.
O docente deve dominar diferentes técnicas que podem envolver a utilização de avaliações contínuas e informais, como observações em sala de aula e feedbacks frequentes.
Deve saber usar avaliações específicas para medir a proficiência na língua portuguesa, como testes de compreensão oral, escrita e leitura, essencial para acompanhar o desenvolvimento dos alunos migrantes e identificar áreas de dificuldade.
Atualização sobre práticas pedagógicas: Os docentes devem manter-se atualizados em relação às melhores práticas pedagógicas e a novas abordagens para o ensino de alunos migrantes, participando em cursos, workshops e conferências.
O docente precisa conhecer os recursos locais e as redes de apoio social disponíveis para alunos migrantes, como serviços de apoio psicológico, assistência social, e programas comunitários, para encaminhar os alunos quando necessário.
Após esta abordagem das competências esperadas para um docente, terminou-se a sessão com dinâmicas ativas de promoção do trabalho colaborativo e partilha de ideias, sugestões para as boas práticas no âmbito do multiculturalismo.
Professora Ana Paula Santos (Coordenadora do projeto MULTI FG)
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