Sem querer, uma mulher do povo deu o nome a uma revolução que mudou o destino do nosso país.
Uma revolução traz-nos à memória armas e violência mas, em Portugal, o último confronto ficou para a História como a Revolução dos Cravos, embalada pela poesia de Zeca Afonso com a sua “Grândola, Vila Morena”. À meia-noite e vinte minutos, a Rádio Renascença fez chegar ao povo português a música como senha que dava início à investida para implantar em Portugal um regime livre e democrático.
Conta a História que as Forças Armadas encontravam-se devidamente posicionadas para cumprirem um plano minuciosamente estudado, quando entra na história Celeste Caeiro, uma jovem operária que tomou conhecimento da revolução apenas naquele momento. Era funcionária de um restaurante e ia preparada para comemorar o seu aniversário, por isso, levava os cravos. O estabelecimento ficou fechado em função da Revolução e Celeste trouxe as flores de volta. Fazendo jus à curiosidade feminina, foi ver o que se passava, quando um soldado, do alto de um tanque, lhe pediu um cigarro. Como só tinha consigo as flores, ela resolveu oferecer-lhe um cravo. O soldado baixou-se, apanhou o cravo e colocou-o na ponta da espingarda. O gesto chamou atenção dos companheiros de luta que também tiveram direito a uma flor. Este pequeno gesto foi o rastilho para um desabrochar de cravos pelo nosso Portugal. E, assim, transformamos um ato de guerra num ato de paz e amizade.
"Grândola, Vila Morena, terra de fraternidade.
O povo é quem mais ordena, dentro de ti, ó cidade.
Em cada esquina um amigo.
Em cada rosto a igualdade.”
Professora Sameiro Carvalhido
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